De Professora à Doutora

Eliane Cássia do Prado Lourenço Rosa é Pedagoga, Pós-Graduada em Psicopedagogia e Graduanda em Direito pela Universidade Santa Cecília – UNISANTA.

 

DE PROFESSORA À DOUTORA

 

            Peço licença para invadir sua esfera emocional, seu tempo e sua atenção e assim poder com as palavras advindas da alma expressar essa paixão desencadeada pelo Direito.

            Os 20 anos na Educação permitiram exercer uma profissão ideológica, afinal não verei meus pequenos alunos de olhinhos brilhantes e pernas curtas adentrarem à Universidade, não participarei do casamento, nem tão pouco das conquistas profissionais. Eduquei para que pudessem fazer a diferença no mundo e desde pequenos, desenvolvi habilidades da autonomia moral e me descobri uma mediadora paciente e apaixonada quando percebia a colheita modesta dos frutos.

            No último dia de trabalho na profissão que que escolhi ainda pequena, quando meus olhos de jabuticaba brilhavam incessantes, fui abordada por um funcionário que inquieto me perguntou: “Eli, porque você vai sair da escola?” Eu com orgulho por fora e temerosa por dentro disse: “faço Direito, vou para o último ano da faculdade e quero me dedicar à essa escolha”.

Ele com sorriso na face, diz: “De professora à Doutora”, eu sorri pela rima e pelo pronome de tratamento que me fora ofertado.

            Reflexiva, busquei motivos que levavam a tal pronome e essa foi minha singela conclusão: pronome de tratamento dado culturalmente à classe médica e jurídica. Por qual motivo?

Talvez pelo fato de ambos tutelarem um bem precioso: a Vida!

Quando aos 36, retornei aos bancos acadêmicos, senti um desacortinamento nas ideias e ideais. Passei a perceber o Direito nas relações, filmes, desenhos e me apaixonei pela legislação que rege minha rotina.

            Certa vez, perguntaram à turma quem exerceria a advocacia, eu levantei a mão direita e apenas eu. Percebi que mais uma vez escolhi uma profissão ideológica, desejei aprender mais e desenvolver habilidades como “ouvir”, observar e conectar fato com a norma.

            Desafios foram muitos, risos em demasia, muitas xícaras de café, metros de prosas com os amigos, algumas lágrimas, poucas cervejas e muitos artigos lidos. Assim a graduação se fez e se faz.

            Não há dia em que meus olhos não brilhem ao entrar na sala, não permito que fiquem opacos pelo cansaço ou medo. Eu escolhi o Direito e esse abraça qualquer idade, tenho amigos de 20 a 50 anos. Percorro com sensibilidade os corredores e escadas com orgulho da profissão que escolhi, na verdade orgulho duplo, pois Educação e Direito caminham juntos almejando a paz social através da justiça e do conhecimento.